terça-feira, 22 de dezembro de 2015

"Chewie, we're home"



Agora que já passou o primeiro fim de semana desde a estreia, acho que dá pra deixar minhas impressões sobre O Despertar da Força, né?

Primeiramente, deixo claro que essa não é uma análise imparcial. A saga dos Skywalker está presente na minha vida desde a tenra infância, quando brandia cabos de vassoura na luta contra o Império -- aliado ao meu irmão e primos --, passando por uma adolescência, de discussões com os amigos da escola sobre as inconsistências da nova trilogia, até hoje, em que viajar para uma galáxia muito distante é como refrescar-se num oásis em meio as obrigações da vida adulta.

Dito isso, saibam que o novo filme é lindo. Seguindo a mesma estrutura do Episódio IV - Uma Nova Esperança, a obra traduz com perfeição o espírito da série clássica para uma nova geração, e abraça os fãs mais antigos com um misto de nostalgia e compensação. É aquele faroeste espacial moleque, que não se vislumbra com a grandiosidade da saga e entrega uma aventura simples, empolgante e focada na construção e evolução dos personagens. 

São essas qualidades que sempre me cativaram em Star Wars, e que acredito ser o segredo para tantas crianças saírem do cinema sonhando com sabres de luz, naves espaciais e pistolas lazer. Por isso, não estranhe a avalanche de Reys, Finns, Kylos e Poes mirins que tende a surgir daqui pra frente.

Enfim, O Despertar da Força reforça (desculpe o trocadilho) que o poder místico utilizado pelos cavaleiros Jedi vai muito além de uma contagem de midichlorians.  É um campo de energia criado todos os seres vivos, que nos envolve e mantém a galáxia unida.

E nunca vai deixar de ser. 

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Crônicas do Vigilante Paulistano – O Metrô

Era a terceira vez que esbarravam em Pedro. Qual o nível de dificuldade de pedir licença? Mas, trocadilhos a parte, o metrô paulistano não tem espaço para gentilezas: a pressa e a desconfiança tira das pessoas a noção de educação e, consequentemente, elas se empurram e negam a dar espaço e passagem a umas as outras.

“É por isso que eu luto?”, pensava o rapaz. Com o empurrão, seu mais novo ferimento -- uma luxação recém adquirida no ombro proveniente de um tiroteio -- lembrou-o da noite anterior. Balas dificilmente o matariam, mas sempre deixavam hematomas que duravam horas pra curar. Porém, foi por uma boa causa: impedira quatro assaltos, dois estupros e auxiliou paramédicos num acidente de carro.

Mas agora estava ali, refém do transporte público. Ao seu lado, uma senhorinha balançava-se entre o aglomerado enquanto no banco supostamente destinado a ela estava um “pseudo-malandro”, com boné no rosto, numa péssima atuação de soneca. Pedro achava um absurdo a necessidade de assentos cinza. Para ele, todos os lugares são prioritariamente de idosos, gestantes, pessoas com deficiência e mulheres com criança de colo. Não é uma questão de ser bonzinho. É ser humano. Será que só para ele faz sentido?

O condutor anunciou a estação destino de Pedro, que respirou fundo. Com cuidado, ele foi chegando perto da porta, regulando sua força sobre-humana para não causar acidentes. Na saída, um homem se recusou a dar-lhe passagem e dificultou sua entrada na plataforma.

Foda. E ainda são 7h da manhã.

sábado, 21 de agosto de 2010

O ingrediente “secreto”

Qual o grande segredo para uma boa história de ação? Um brucutu matador? Explosões e tiroteios? Um bom roteiro? (não, com certeza não é este último item – rs). Na minha humilde opinião, apesar de cada um desses aspectos terem seu grau de importância, o principal é ter personagens carismáticos.

Não há nada mais insosso do que um blockbuster eletrizante, mas com um coadjuvante que não nos desperta o sentimento de felicidade quando vemos o cara inteiro, mesmo depois de uma troca exagerada de balas com o exercito de uma republiqueta ou um ciborgue futurista. Não são milhões de dólares gastos em efeitos especiais ou chamar o Vin Diesel para o elenco que garante o sucesso.

O que me despertou a vontade de escrever sobre isso foi assistir o episódio-piloto da série ointentista Esquadrão Classe A (ou A-Team, se preferir). Apesar da trama não ser a mais genial – salvar um jornalista preso por uma milícia mexicana – os personagens são tão cheios de carisma que a sequência prende o espectador. E, com absoluta certeza, o orçamento daquilo não era dos melhores.

O mais importante de um filme de ação “não é ter muitas confusões”, como diria o narrador da Sessão da Tarde. Mas um herói ou heroína (Lara Croft, te amamos!) que deixaria o espectador triste se morresse no final.

domingo, 4 de julho de 2010

A hora de doar os brinquedos

Recentemente fui ver Toy Story 3. No filme, Andy vai para a faculdade e precisa decidir o destino dos seus brinquedos. O que não é fácil, visto que os mesmos foram protagonistas de muitos momentos felizes de sua vida.

Deixar no passado certas coisas que nos proporcionaram alegrias não é fácil. Mas a vida não é um cesto elástico com espaço pra tudo. Para crescer, faz-se necessário livrar de alguns costumes e pensamentos, antes que o cesto fique pesado demais para carregar e impossibilite a obtenção de coisas novas.

É claro que na teoria é fácil. Muitas vezes, embarcar numa aventura adolescente se mostra bem mais promissor do que um “não, obrigado”. Mas viver como um adulto não é só ter um trabalho, poder dirigir ou possuir seu próprio cartão de crédito. É aceitar suas responsabilidades como pessoa e cidadão, desenvolver sua empatia e ajudar a construir um mundo para as próximas gerações. E doar os brinquedos, assim como Andy.

terça-feira, 16 de março de 2010

Avatar: aquele do carequinha, sabe?


Com bom humor na medida certa, fugindo da postura exagerada adotada pelos desenhos atuais, Avatar: The last airbender, é uma série surpreendente, provando que o sucesso de uma aventura não está em inventar um cenário espalhafatoso e intrincado, mas em um bom roteiro. Com um ritmo despretensioso, os episódios agradam pelo modo sutil como se desenrolam e as sequencias de ação, muito criativas por conta dos “dobradores”, pessoas capazes de dominar um dos quatro elementos (fogo, terra, água e ar) por meio de artes marciais.

Dividido em três temporadas, a série narra os feitos de Aang, o último dobrador do ar (daí o título) destinado a derrotar o tirano Oozai, senhor do reino do Fogo. Acompanhado da encantadora Katara e seu irmão Sooka, o menino cruza o mundo em busca de dominar os quatro elementos. No decorrer de sua jornada, eles ganham diversos aliados e inimigos, que dão um colorido especial a série.

Apesar do argumento simples, engana-se quem subestima o potencial da animação, que possui diálogos inteligentes, um cenário bem construído, e personagens muito cativantes. O desenho também traz uma interessante lição de amizade e responsabilidade. Tais qualidades renderam a série uma adaptação para o cinema, dirigida por M. Night Shyamalan.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Forte e intenso como um soco na cara

Com tantos fãs de quadrinhos, por que até agora ninguém vestiu uma roupa colante e saiu combatendo o crime? A resposta está em Kick Ass, de Mark Millar e John Romita Jr. Não recomendado para os mais sensíveis, a história é extremamente violenta e politicamente incorreta.

Na HQ, somos apresentados ao estudante Dave Lizewski, um adolescente com problemas de identidade e viciado em quadrinhos. Inspirado pelos heróis de papel e visando sair do anonimato, o garoto decide vestir uma roupa de mergulhador e combater o crime, armado de tacos de baseball. Batizado pela mídia de Kick Ass (Chuta Rabos), ele começa a inspirar outras pessoas a abraçar a vida de vigilante e incomodar os mafiosos da região. Nesse ponto, Dave descobre que na vida de super-herói, peito de aço é um dos pré-requisitos...

Explorando a estética da violência, Millar segue a linha de suas histórias e exagera na trilha de sangue e tripas espalhadas pela HQ. Sem contar com os personagens controversos, no melhor estilo amo/odeio. Por fim, Kick Ass terá uma adaptação para o cinema ainda este ano, que para o desespero da molecada, receberá o cruel selo “para maiores de 18 anos”.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Manifesto contra o efeito Dragonball

Uns dias atrás li O Espírito da Flecha, arco de histórias do Arqueiro Verde (sem trocadilhos), escrita por Kevin Smith. Na trama, Oliver Queen ressuscita e precisa descobrir por quais motivos e por que possui memórias até os anos 80. Como não poderia ser diferente, a série é muito bem escrita e indispensável para os amantes de uma boa HQ.

Porém, sou um militante contra o efeito “Dragonball” nos quadrinhos de super-heróis: matar um personagem e revivê-lo para vender mais revistas. Não é apenas insensato, como um desrespeito ao leitor regular.

Por exemplo, o que aconteceu com o Batman. Quando mataram Bruce Wayne e passaram seu manto para o Dick Grayson (primeiro Robin), achei maravilhoso. Era como presenciar o fim de uma era e ansiar por novas perspectivas de um dos meus vigilantes favoritos. Deu movimento a uma cronologia de quase 80 anos, algo difícil de fazer.

Mas a volta do velho Bruce já foi anunciada, e tudo que ocorreu no último ano passará como um dia no clube ou um bate volta na praia: gostoso, mas dificilmente muda a vida de alguém. A editora vende rios de revistas e a história que se dane. E o pior: essa estratégia é bem comum, visto a quantidade dos heróis que já foram pro beleléu e voltaram pra contar história: Superman, Flash, Lanterna Verde, Capitão América, Nick Fury...

Por fim, fica um apelo: querem vender revistas? Não precisa matar ninguém. É só escrever boas histórias.

P.S.: Ao usar o termo "efeito Dragonball", não estou comparando a obra do Toriyama com a exploração desmedida da morte de personagens de Hqs. Amo Dragonball e usei o termo por ser comum seus personagens morrerem e ressussitarem. Mas mangá é diferente de Hq. No Dragonball, pode!